Olá! Ikoria: Terra de Colossos passa a ser válido no Standard ainda essa semana, e é natural que com novos cards tenhamos novas listas. Após analisar o spoiler completo da edição em minha live, o passo seguinte foi pensar em como a edição se encaixaria no formato. Para tal, elaborei duas dezenas de decks, sendo a primeira delas envolvendo dez decks que são mais estabelecidos no metagame, forçando um pouco e saindo da lista padrão estabelecida para vermos mais cards novos em ação, e a segunda dezena mais focada em decks novos, seja por causa da combinação de cores, das mecânicas ou mesmo porque são montados em cima de cards que até então não existiam.

Saindo do campo da teoria, durante o Evento de Acesso Antecipado nesta quarta-feira 15/04 os streamers da LigaMagic Bolts farão uma live especial que vai desde a abertura por volta do meio-dia até às 04h da manhã com uma conta cedida pela Wizards com todos os cards novos disponíveis, e eu mesmo usarei alguns deles durante o meu horário para o primeiro test-drive!

 

A primeira dezena: as atualizações

 

Temur Reclamation:

A principal adição são os Trioma de Ketria no lugar dos Templos, que ajudam a resolver a delicada questão dos vários custos duplos (Emboscador da Matilha Noturna, Intervencao de Tassa, Expansao // Explosao) e da Zona de Explosao, aumentando o número de fontes totais das cores, ao mesmo tempo em que sinergizam melhor com a Reconquista da Natureza (podendo ser reciclados no final do turno caso encontrados numa compra) e forram o cemitério para o Uro. Finalmente adicionei o 28° terreno, já que com os Triomas a chance de sobrar manas na mesa diminui bastante. O tempero de Ikoria aqui vem na forma de um solitário Polvo Flecha-do-mar cumprindo o papel de Marinheiro Espectral, ajudando a criar vantagem na guerra de anulações sem comprometer mana e caindo cedo na mesa, além de um Esmorecer no sideboard.

 

Rakdos Aristocrats:

Existem várias formas de montar esse baralho, e o Rudá escreveu um texto bem completo sobre o mesmo na semana passada aqui na LigaMagic. Alguns vão com a Saga do Tymaret, outros com criaturas mais agressivas como o Carniceiro da Horda Medonha, e para dar chance a Ikoria decidi tentar uma versão mais agressiva com a sub-temática de Ameaçar, presente em cartas como Raptor do Labirinto, Pesadelo Cacado e Conexao Hesitante .

 

Bant Midramp:

A situação do Bant Midramp nessa edição de "wedges" (duas combinações inimigas e uma amiga) ao invés de "fragmentos" (duas combinações amigas e uma inimiga) é a mesma que o Affinity viveu por anos no Modern (antes de, vocês sabem, Mox de Opala ser eventualmente banida): quando nenhuma carta nova é lançada para o seu deck no decorrer de várias edições enquanto a concorrência segue recebendo brinquedos bonitos e brilhantes, você vai ficando gradativamente pior. Me parece esse ser o caso do Bant Midramp - nenhuma das cartas de Ikoria parece atraente o bastante para se encaixar na estratégia, não entram Trilands para melhorar na base de mana (no máximo, opção de colocar uma com reciclar ao invés de uma com vidência) e no máximo adições marginais no sideboard, como o potencial de Esmorecer no sideboard, mas que talvez nem seja superior a Retorno a Natureza. Ainda assim, não se deixem enganar - a combinação de Teferi, Manipulador do Tempo, Uro, Tita da Ira da Natureza  e Nissa, Abaladora do Mundo continua extremamente letal, e o Bant vai ser uma ótima escolha para punir os incautos testando as groselhas nos primeiros dias.

 

Sultai Midramp:

Ao contrário de seu primo Bant, o Sultai Midramp ganhou várias ferramentas novas, a começar por um salto na base de mana, facilitando os custos difíceis de Cavaleiro dos Espinhos e Baixas de Guerra. Além disso, o Trioma de Zagoth possui o sub-tipo Floresta, sinergizando com a Nissa e aumentando o total de terrenos duplos que dobram a mana para 12. O upgrade de Escarnio do Tirano para Ato Cruel parece natural, e essa remoção ainda consegue "dobrar" no mesmo turno da Nissa, Abaladora do Mundo ao desvirar Trioma de Zagoth ou Tumba Abandonada.

 

Mono Red Aggro:

É fato que a edição favoreceu muito mais os baralhos dourados cheios de bombas e valor, mas ainda é possível encontrar uma ou outra jogável interessante para os adeptos do vermelho agressivo. Gremlin do Cuspe Corrosivo é um drop 1 passável que remete ao clássico Atirador de Fogo, e potencializa o turno 1 do Mono Red bem como facilita triplicar as mágicas no turno 3 para o Vaporeo em Fuga em outro drop 3 (basicamente, a mão dos sonhos). No sideboard, Fenix Plumeterna bate pesado por cima nas partidas de atrito, enquanto que Salva Incandescente é uma boa forma de ganhar vantagem nas mirrors ao melhor estilo Goblin Lanca-correntes.

 

Jeskai Fires:

Com alguns poucos ajustes, é possível alocar Keruga, o Macrossabio no Jeskai Fires como um bichão gerador de valor adicional. Caloteiro Descarado // Pequeno Furto e Gigante Esmaga-ossos // Pisar dobram como interação leve e ameaça, enquanto que no sideboard a Disputa Mistica é a anulação perfeita para manter o deck válido. Abrir mão de Ladrao dos Ricos  machuca, mas Chefe-de-guerra da Legiao cumpre o papel. Rajada de Eter e Decreto dos Devotos entram nas partidas agressivas, deixando nosso companheiro hipopótamo dinossauro de lado, mas é normalmente nessas partidas onde os cards extras menos farão falta.

 

Azorius Control:

Trioma de Raugrin toma o lugar de alguns Templo da Iluminacao tanto pela possibilidade de reciclar, quanto pela forte sinergia com os Castelos, fazendo-os entrar desvirados. Tufao de Tubaroes pode funcionar como uma condição de vitória alternativa ao Arrasta-sonhos, tanto no modo encantamento quando ao reciclar para um tubarão gigante não-anulável no final do turno. Neutralizar é uma opção de anulação que pode substituir bem o Absorver em alguns metagames. Mesmo com essas adições, as mecânicas e combinações de Ikoria favorecem bem mais os decks com criaturas (Mutação) e de três cores "wedges", e o nosso Azorius Control não se encaixa em nenhuma das descrições.

 

Temur Adventures:

Cancao da Criacao parece encaixar perfeitamente no Temur Aventuras, que consegue deixar permanentes leves como Estalajadeiro de Beiramuro e Trevo da Sorte na mesa e as próprias criaturas na zona de aventura para gerar vantagens nos turnos seguintes, ao passo que também aproveita-se do ramp adicional do modo Exploração. O deck ganha algumas opções de caixa-de- ferramentas no sideboard, notadamente Mito de Illuna e Ultimato da Gênese.

 

Azorius Blink:

A cláusula de Yorion, Nomade Celeste parece complicar bastante o processo de montagem de deck para utilizá-lo como Companheiro, mas nada nos impede de simplesmente colocá-lo nas 60 iniciais como uma ótima forma de gerar valor pela bagatela de cinco manas. A sinergia dele se estende a permanentes não-criaturas, podendo resetar os marcadores de Elspeth Derrota a Morte e Teferi, Manipulador do Tempo.

 

Gruul Aggro:

Ladrao dos Ricos  é uma carta poderosa, mas para tentarmos algo aqui com a Mutação de Fenix Plumeterna e Destruidor de Gemas, criaturas não-humanos eram necessárias. Por sorte, Cavaleiro de Rochabeira // Carga do Pedregulho e até mesmo Arpoador Kraul são opções viáveis, além da já presente Galia da Danca Infinita. Vivien, Protetora dos Monstros entra como aquele Planeswalker clássico para dar tração nas partidas de atrito, enquanto que Enclave dos Vinculadores é o temperinho ganancioso de Ikoria na base de mana.

 

A segunda dezena: as criações

 

Sultai Elementals:

Yarok, o Profanado é um card que desde seu spoiler em M20 deckbuilders de todo o mundo tentam fazer funcionar, mas acabam invariavelmente sucumbindo. A tentativa da vez é numa base de Elementais Sultai abusando da mecânica de Mutação, com Brokkos, Apice da Eternidade, Nethroi, Apice da Morte e Destruidor de Gemas, além de Artesao Demoniaco funcionando tanto na agressão pesada como buscando pelos bichos certos pra cada situação. A fundação dessa mescla de interações é Recife Soerguido junto do valor provido pela sua sinergia de tribo.

 

Abzan Midrange:

Mito de Nethroi é praticamente um Vindicar em velocidade instantânea caso esteja nas cores Abzan, e isso não pode ser ignorado. Apesar de carecer do kit Espiral de Crescimento + Uro, Tita da Ira da Natureza, a base acima parece promissora, remetendo aos clássicos Midranges. Nethroi, Apice da Morte por si só é um corpo 5/5 vínculo com a vida toque mortífero, que obriga qualquer um interessado em atacar com criaturas a respondê-lo. As demais escolhas da base de criaturas respeitam a sinergia com mutação, podendo aproveitar-se do Destruidor de Gemas, do próprio Nethroi, ou mesmo do Guarda-filhotes do sideboard.

 

Jeskai Superfriends Control:

Narset do Caminho Antigo é uma carta interessante de ser montada em volta - conjuntamente com a sua versão de Guerra da Centelha, um baralho sem criaturas consegue extrair o máximo de suas habilidades. Uma base super-amigos cheia de Planeswalkers acaba sendo uma casa óbvia, como a lista acima. Fogos da Invencao é uma possibilidade para dar mais velocidade, embora nesse caso talvez retornando à velha caixa-de-ferramentas com Fadina dos Desejos // Concedido. Uma outra maneira de montar seria mais focada em mágicas leves que oferecem interações 1x1, ganhando o bônus da mana da Narset para "dobrar" nos turnos, progredindo o próprio jogo e mantendo a paridade das trocas de recursos.

 

Dimir Flash:

Já tem algumas edições que a Wizards vem forçando a temática Lampejo, e agora em Ikoria vemos alguns brinquedos novos que possibilitam a existência de um Dimir Flash, bem mais focado na pancadaria do que necessariamente nas anulações, já que Vinculadora da Noite Sagaz e Reptante Fugaz se preocupam mais com a palavra-chave Lampejo do que jogar em velocidade instantânea somente. Junte a base pré-existente de Marinheiro Espectral, Degolador Salmourigeno e Caloteiro Descarado // Pequeno Furto  com uma pitada de Polvo Flecha-do-mar (em um deck cuja totalidade das criaturas atende o requisito da mutação) e temos uma receita para um deck que pode se tornar competitivamente viável.

 

Mardu Snapdax:

Mardu tem sido uma combinação relegada nos últimos anos, com suas últimas aparições diretamente relacionadas ao poder de Fim Crepitante. Entretanto, Snapdax, Apice da Caca é uma lendária poderosa que implora por uma casa, e quanto mais agressiva ela for, melhor. Apesar da base de mana não estar ideal, o Mardu Snapdax Aggro acima oferece ao gatinho uma chance de fechar jogos com seu alcance, com uma base de criaturas perfeitamente mutável com Hemofago Insaciavel completando a sinergia de mutação com dano direto. De brinde, algumas criaturas possuem habilidades bem interessantes para complementar com o Golpe Duplo, como Serpente Litoespiral e Cavaleiro da Legiao de Ebano.

 

Orzhov Humans:

A regra é clara: Lorde exige deck tribal, e com General Kudro de Drannith não poderia ser diferente. Suas habilidades além do +1/+1 são relevantes o suficiente a ponto de a criatura possivelmente encontrar jogo em outros formatos como Pioneer, Historic e Modern, e o que talvez o impeça o deck de ir mais longe no Standard é a falta de apoio por parte das cartas disponíveis. Impositor do General oferece ótima sinergia, mas os demais "peões" deixam um pouco a desejar no quesito nível de poder individual.

 

Azorius Fliers:

Outro deck que está sempre no limite entre a promessa e a realidade, flertando com uma chance de brilhar. Ikoria trouxe Soberano Aerofelino como uma criatura premium para a curva 2 que atua também como uma forma de gastar o excesso de mana conforme o jogo avança, aumentando o exército aéreo e o seu próprio poder. Outra tecnologia nova é a presença de Polvo Flecha-do-mar, que embora não tenha voar por si só, sinergiza muito bem com as várias criaturas leves evasivas e não-humanas presentes na estratégia - agregando sua poderosa habilidade de Curiosidade com uma evasão desde potencialmente o turno 2.

 

Jeskai Cycling:

Montado em volta da temática de Reciclar, o Jeskai Cycling acima foca principalmente nas sinergias de Mares Ameacadores e Erupcao do Zenite como as recompensas por jogar pra habilidade. O problema por hora é que, ao contrário de Amonketh e Refugio dos Dragonetes, o elenco de suporte é bem menos interessante, com algumas cartas pesadas e circunstanciais como Dadiva da Realizadora de Desejos. Um dos pontos altos, todavia, é a excelente sinergia de Elspeth Derrota a Morte com Yidaro, Monstro Errante voltando um dinossauro tartaruga lendário monstruoso no terceiro capítulo!

 

Kaheera Elementals:

Voltando aos seus primórdios com M20, a base de Elementais lançada nessa edição com Recife Soerguido e Omnath, Locus do Turbilhao consegue se aproveitar do companheirismo de Kaheera, a Guardia dos Orfaos, que com tamanha benevolência consegue abranger algumas outras criaturas convenientes para a estratégia: Herbivoro Arboreo, Krasis Hidroide e Fera das Demandas no sideboard. O tempero fica por conta de Illuna. Infelizmente, nem tudo são flores, e algumas criaturas importantes como Agente da Traicao, Uro, Tita da Ira da Natureza e Tassa, Habitante das Profundezas ficaram de fora. Por outro lado, não existem restrições para Planeswalkers e outros tipos de permanentes e mágicas, logo tanto Nissa como as interações premium do sideboard estão preservadas.

 

Lurrus Jund Sacrifice:

 

Fazer um Jund Sacrifice com Diabo do Pandemonio e Korvold, Rei Maldito pelas Fadinas é o padrão, mas é possível aproveitar- se do poder de Lurrus como Companheiro tendo um pouco de flexibilidade na hora de escolher os cards aceitando uma diminuição de poder (por exemplo, Sacerdote da Matanca de Mogis). A recompensa é a poderosa sinergia para conjurar Croxa, Tita da Fome da Morte por consecutivos turnos, abusando de seu descarte, ou até mesmo Talassida do Lodacal para continuar forrando o cemitério e ganhando vida, Ganso Dourado para comidas, e basicamente qualquer outro efeito recorrente desejável.

 

E quanto a vocês, leitores, quais decks têm em mente com a chegada de Ikoria? Como atualizariam os já existentes no metagame? Algum outro baralho inovador que não foi citado? Como vocês os fariam? Deixem suas respostas nos comentários!

Aguardo todos no Evento de Acesso Antecipado no quarta-feira! Abraços e até a próxima!