Olá!

No ano de 2019 tivemos um conjunto de cartas que gosto de chamar como "A TRÍADE" de erros de design, que mudaram completamente a forma com que o jogo era jogado nos formatos até que foram sendo pouco a pouco banidas: Oko, Ladrao de Coroas, Era Uma Vez e Veu do Verao. Começaram mostrando-se fortes demais para o Standard, deturpando completamente o metagame de grandes torneios em torno delas, até que levaram o machado.

 

No recém-lançado formato Pioneiro, a Wizards demorou um pouco mais para tomar um movimento. Em um metagame dominado por Green Devotion, a primeira medida foi banir Veu do Verao para que remoções e disruptions funcionassem melhor contra o deck e até mesmo o aparentemente inócuo Juramento de Nissa na tentativa de diminuir a consistência do plano, mas no final das contas o poder gerado pela "gratuidade" de Era Uma Vez acabou sendo removido do deck. Da mesma forma, Oko, Ladrao de Coroas também era sumariamente removido por seus crimes em baralhos como o Simic Stompy.

 

Nem mesmo o Histórico, formato apenas digital que abrange as edições rotacionadas do Standard conseguiu segurar o nível de poder dos cards, que juntos com Campo dos Mortos compõem a lista de cards suspensos, de acordo com os critérios adotados para o controle de tal formato pela Wizards.

 

Resta apenas um formato dentre os "sem Reserved List" onde A TRÍADE ainda opera em liberdade: o Modern. Porém, a situação no Modern parece ser mais um caso de QUANDO, ao invés de SE.

 

 

Urza, Grao-lorde Artifice já está um bom tempo no sinal amarelo do semáforo, e aliado ao poder do Oko, Ladrao de Coroas consolidou o arquétipo acima no Tier 1, clamando o título de atual deck to beat do Modern. As listas mais recentes apostam tanto no poder da dupla Urza, Grao-lorde Artifice/Oko, Ladrao de Coroas que eliminaram completamente o aspecto combo com Fundicao de Toptero, focando somente na interação e capacidade de gerar recursos extras.

 

 

Já o Bant Snow nada mais é do que um nível diferente do tradicional Azorius Control, abusando de várias ferramentas novas de 2019 para ganhar um novo ângulo de ataque em um baralho que beira o extremo do reativo, além do costumeiro Veu do Verao de sideboard que pune interação por parte dos oponentes e cria a pressão infinita do minigame "será que o cara tem o Veu do Verao?"

 

Em ambos os baralhos anteriores, não temos a presença de Era Uma Vez, embora por causa da restrição de deckbuilding que a carta impõe - a quantidade total de criaturas nas 75. Todavia, o fator consistência de early game e cavar no deck para acessar cartas-chave continua presente no "pacote nevado" de Astrolabio de Arcum + Coatl Presa-de-gelo.

 

A coisa começa a mudar para uma figura mais preocupante quando vemos outros baralhos tradicionais e consolidados no Modern "apelando" para o kit Oko, Ladrao de Coroas/Era Uma Vez quando talvez não fosse de sua natureza usar um card voltado para um plano "midrange" como é o travesso Planeswalker Simic.

 

 

A epítome do conceito "aggro-tempo", o Death's Shadow e suas variações não são decks desenhados para partidas longas, mas sim em agredir fortemente os recursos do oponente, e fechar a janela com ameaças poderosas antes que ele tenha a chance de se recompor. Não é exatamente onde Oko, Ladrao de Coroas mais se encaixa, mas ainda assim ele marca sua presença aqui. Por outro lado, Era Uma Vez brilha absurdamente no baralho, aumentando ainda mais a redundância de cartas que viram Sombra da Morte ou Tarmogoyf, e permitindo turnos 1 insanos de três ou quatro movimentos antes do oponente sequer descer o primeiro terreno.

 

 

Tido como um dos combos mais "all-in" do formato, com a capacidade de matar no turno 3 se não interagido, as variações de Druida Devotado em sua maioria abdicaram do dito "plano B", considerando não terem a robustez que os Melira Company de outrora conseguiam. Isso até Oko, Ladrao de Coroas fornecer esse plano a um custo baixíssimo, junto do poderoso Era Uma Vez cavando pelas peças que faltam para um já consistente plano A e da existência de Veu do Verao para permitir se manter com chances de combar mesmo contra os decks mais carregados em remoções.

 

 

Outro baralho que quer acabar com o jogo no segundo ou terceiro turno, mas que se rendeu ao nível de poder do Oko, Ladrao de Coroas foram as variações de Infect. Nem todos são tão agressivos de usar as 4 cópias no Main Deck como a lista acima, mas o fato é que utilizar-se do Planeswalker em algum número nas 75 já virou o mainstream dos que querem fechar a partida com marcadores de veneno. De igual maneira, Era Uma Vez possibilitou ainda mais goldfishes rápidos, enquanto Veu do Verao adicionou uma camada de proteção insana contra as piores partidas do Infect (essa uma escolha que alguns usam no Main Deck, mesmo em um formato aberto como o Modern tamanho o seu power level).

 

 

Em seguida, temos o "big mana" mais "combo" do formato, aquele que todos devem respeitar devido suas mãos com potencial de ganhar no segundo turno de duplo Amuleto de Vigor. Porém, aqui o Oko, Ladrao de Coroas surpreende um pouco menos, já que um dos pontos fortes do baralho sempre foi a resiliência ao hate e ele complementa bem o plano de criaturas do pós-sideboard.

Aqui é onde temos o quarto "causador de problemas" de 2019 fazendo seu nome: Campo dos Mortos trouxe uma dinâmica adicional ao Amulet Titan, tornando cada vez mais complicada a vida de quem quer ganhar pelas "vias justas" do jogo jogado de remoções e criaturas.

 

 

Até que alguém pensou: "realmente precisamos de Amuleto de Vigor para esse plano funcionar?". Afinal, o elo que conecta alguns dos big manas do formato é justamente Tita Primordial, combinando força bruta e versatilidade, especialmente quando cai num turno muito cedo na curva. Castelo de Pontegaren é o card que permitiu Titã no turno 3 com alta consistência, em conjunto com a redundância que só uma card pool de quase 20 anos de edições pode oferecer.

 

Quando a recompensa por fazer o Tita Primordial precisa de cada vez menos esforço de deckbuilding (que é o caso do Campo dos Mortos) se alia ao fato do poderoso terreno ser uma das ameaças mais efetivas contra a chuva de Okos presentes no restante do formato, temos a receita para a escalada ao Tier 1 de um novo arquétipo, cuja essência é nada mais nada menos que uma exibição completa da TRÍADE e do quarto elemento problema. E ainda podemos esperar muito mais do deck que surgiu praticamente nessa semana de festas, e ainda está longe de ter sido tunado ao nível máximo.

 

Talvez nem todos esses cards acabem banidos no Modern, já que existem alguns argumentos para manter Campo dos Mortos dada a cardpool do formato - mas me surpreenderia que no primeiro texto do próximo Ano Novo ainda tenhamos Oko, Ladrao de Coroas, Era Uma Vez e Veu do Verao circulando entre nós.

 

E quanto a vocês, leitores, quais as suas opiniões sobre cada um dos cards? Enxergam um ou outro como mais ou menos culpado? Como imaginam que a Wizards vai proceder em possíveis banlists? Deixem suas opiniões nos comentários!

 

Abraços e até a próxima!